Quando um louco sonha com o maquinário do Universo
Conhecer a si mesmo. Em que sentido? o que há para ser conhecido? sinceramente, não entendo muito quando alguem diz que é preciso se conhecer. Alguns vão para análise, outros fecham-se em suas conchas nautilóides e iniciam um processo qualquer para se entender. Outros vão para uma mesa de bar ou café e ficam olhando as pessoas, a fumaça se misturando as nuvens e ouvindo o barulho do açucar e dos saquinhos de chá sendo deitados em água quente. E outros ainda deixam de lado essa busca...
Tenho pensado muito, demais, sobre a loucura, sanidade, a morte, vida, e certos processos que surgiram tardiamente na história biológica, como o sexo e o amor. Um bom livro que me acompanhou foi "Um louco sonha a máquina Universal" sobre as histórias de Kurt Gödel e Alan Turing, dois gênios matemáticos e com vidas destroçadas pela realidade.
"Essas duas pessoas convergem na história e divergem nas crenças...Ambas estão inebriadas de matemática. Mas, apesar de toda a devoção delas, a matemática é indiferente, inalterável por qualquer de seus dramas...Um mais um sempre será dois. Suas vidas dilaceradas são meros episódios à margem de suas descobertas."
Como tenho passado um tempo generoso sozinho, tenho conversado comigo mesmo, nao só durante ao dias, mas principalemente em sonhos (mas nao é com nós mesmos que falamos dormindo?) e algumas semanas atrás, antes de apresentar meu projeto, relutante de certa forma, e decido a nao trazer a público meus esforços, sonhei um dialógo com um dos professores que iriam compor a mesa, um professor de microbiologia formado numa Universidade importante da França, e ele dizia algo do tipo "Tu tens de provar para mim que tua hipótese está correta" ou utilizava de inversões do ônus da prova, já que ele dizia que ela estava errada e que ele não teria que me apontar os erros, enfim uma bagunça. E chega o dia da apresentação, e ao terminar de expor meus métodos e resultados, o mesmo professor que eu tinha sonhado me diz algo como: "Bom, o que é que vou te perguntar..." com isso levantando um riso alto das pessoas que estavam assistindo a mostra de iniciação científica.
Conheço muita gente que anseia pela loucura, como se fosse uma coisa terrivelmente boa. Não sei, só conheço a minha loucura, que é decorrente de uma doença ancestral ampliada pelo ambiente, e que me agarro enquanto posso, enquanto ela me guia para máquinas cada vez mais complexas, indecifráveis e estranhamente sedutoras.
Então o amor, as conchas de argonautas, as proteínas bacterianas incrustadas nos genomas de vermes e as equações da loucura nos conduzem até o final da vida. que espero que seja breve mas com essas coisas novamente, tudo de novo até gastar e cansar.
Imagem: aqui
Referências: Levin, Janna. "Um louco sonha a máquina universal" São Paulo, Companhia das Letras, 2009.
Tenho pensado muito, demais, sobre a loucura, sanidade, a morte, vida, e certos processos que surgiram tardiamente na história biológica, como o sexo e o amor. Um bom livro que me acompanhou foi "Um louco sonha a máquina Universal" sobre as histórias de Kurt Gödel e Alan Turing, dois gênios matemáticos e com vidas destroçadas pela realidade.
"Essas duas pessoas convergem na história e divergem nas crenças...Ambas estão inebriadas de matemática. Mas, apesar de toda a devoção delas, a matemática é indiferente, inalterável por qualquer de seus dramas...Um mais um sempre será dois. Suas vidas dilaceradas são meros episódios à margem de suas descobertas."
Como tenho passado um tempo generoso sozinho, tenho conversado comigo mesmo, nao só durante ao dias, mas principalemente em sonhos (mas nao é com nós mesmos que falamos dormindo?) e algumas semanas atrás, antes de apresentar meu projeto, relutante de certa forma, e decido a nao trazer a público meus esforços, sonhei um dialógo com um dos professores que iriam compor a mesa, um professor de microbiologia formado numa Universidade importante da França, e ele dizia algo do tipo "Tu tens de provar para mim que tua hipótese está correta" ou utilizava de inversões do ônus da prova, já que ele dizia que ela estava errada e que ele não teria que me apontar os erros, enfim uma bagunça. E chega o dia da apresentação, e ao terminar de expor meus métodos e resultados, o mesmo professor que eu tinha sonhado me diz algo como: "Bom, o que é que vou te perguntar..." com isso levantando um riso alto das pessoas que estavam assistindo a mostra de iniciação científica.
Conheço muita gente que anseia pela loucura, como se fosse uma coisa terrivelmente boa. Não sei, só conheço a minha loucura, que é decorrente de uma doença ancestral ampliada pelo ambiente, e que me agarro enquanto posso, enquanto ela me guia para máquinas cada vez mais complexas, indecifráveis e estranhamente sedutoras.
Então o amor, as conchas de argonautas, as proteínas bacterianas incrustadas nos genomas de vermes e as equações da loucura nos conduzem até o final da vida. que espero que seja breve mas com essas coisas novamente, tudo de novo até gastar e cansar.
Imagem: aqui
Referências: Levin, Janna. "Um louco sonha a máquina universal" São Paulo, Companhia das Letras, 2009.
Caramba... você estava inspirado, hein? Lindo texto...
Abraços,
Fer
Excelente texto!
Mas, o que é a loucura?
Pelo que você apontou, ela surge quando buscamos nos conhecer...
Interessante que procuramos nos conhecer ao entender os outros e a natureza como um todo.
Por isso olhamos para o céu e procuramos nele encontrar a racionalidade que poderá nos levar ao autoconhecimento. Primeiramente como raça humana e posteriormente em um nível individualista.
E aí nos perguntamos se somos loucos. Como você o fez!
Um grande abraço
Acho que o louco pensa muito, pensa demais, até jorrar pedaços de neurônios para fora da caixa craniana. Ele também se inspira, e pode produzir coisas belas, porém ridicula. e o que é mais ridiculo que um dia ter sonhado? sonho algum será?
Vou construir um cerébro!
Eu sempre me perguntava quando L. Felipe Benites exporia em seu blog algumas das realidades discutidas exaustivamente por nós e nossas xícaras de café.
Lindo texto, meu amigo.
E só vou te corrigir numa coisa... o que o Medina disse pra ti na hora das perguntas foi "Pois é, na verdade eu nem sei o que te perguntar...". Foi hilário! haha
Tua loucura alimenta bem nossas insanidades, Felipe. Parabéns.
Muito bom seu blog.
Se todos os nossos sentidos são voltados ao exterior, ambicionar conhecer a si próprio significa se fechar a própria vida, Sócrates, falso modesto, sabia disso; e por isso, suicidou-se. Deixou o legado a Platão, que para evitar cair na mesma armadilha, preferiu endereçá-la ao povo, assim tornando o Ocidente inteiro por completo bipolar.
Allmirante, obrigado pela visita!, de fato nos deram dois caminhos de conhecimento, duas vias e escolhas, mas nao penso que sao vias de mao unicas! grande abraço!