Malária, o presente dos chimpanzés

Malária, "aquela" doença que afeta mais de 500 milhões de pessoas ao ano (principalmente nas regiões mais pobres), causada pelo protozoário Plasmodium falciparum, e transmitida pelos mosquitos Anopheles parece ter "saltado" dos chimpanzés (genêro Pan.) para os humanos, em algum ponto da história, durante os últimos 2 milhões de anos atrás. Isso é o que indica a pesquisa desevolvida pela equipe de Nathan D. Wolfe, em artigo recente "The origin of malignant malaria" da revista PNAS.
Após recolher amostras de aproximadamente 100 chimps Africanos, os pesquisadores identificaram oito estirpes do parasita causador da malária em chimpanzés, o Plasmodium reichenovi. Comparando os genes das variedades do parasita dos chimps com os que infectam os humanos, descobriu-se que, igual ao vírus do HIV, a malária é um "presente de grego" dos chimpanzés.

A hipótese sugerida até então, era que os dois parasitas evoluiram separadamente de um ancestral comum, nos últimos 5-7 milhões de anos, cada um em seus hospedeiros específicos, o homem e o chimp. Mas a análise molecular dos novos isolados de P. reichenowi, mostram que ele an verdade deu origem ao P. falciparum, provavelmente de um única transferência para um hospedeiro, que pode ter ocorrido num intervalo de 2-3 milhões de anos , até 10.ooo anos atrás.

O que isso pode nos ensinar? além da descoberta em si, aprender sobre a história da guerra evolutiva entre parasita hospedeiro, e de seus mecanismos inerentes, pode num futuro viabilizar a fabricação de vacinas, ou drogas eficientes, ou pelo menos o conhecimento dos tipos parasitoides que existem na natureza e que cedo ou tarde, poderão (ou não) entrar em contato com a população humana.
O artigo original (e aberto) pode ser baixado aqui.
O título do post, obviamente não quis ofender nenhum macaco ou simpatizante, os chimpanzés não presenteram a nossa espécie propositalmente...
Imagem: Taylor se despedindo de Zira (Planeta dos Macacos)

4 Response to "Malária, o presente dos chimpanzés"

  • Clarissa Says:

    Muito interessante essa notícia! Existem estimativas que dizem que só no século XX a malária teria matado quase 2 bilhões de pessoas! Meu, isso é muita gente. O dia que a Ciência encontrar a cura para essas doenças parasitárias como a malária (além de Chagas ou elefantíase), sem brincadeira, vai ser um dos dias mais felizes da minha vida (espero estar aqui pra ver isso).

    Já que tocamos nesse assunto, deixo a sugestão de tu comentar sobre a anemia falciforme, uma doença que causa uma desformidade nas células vermelhas do sangue (hemáceas), mas que conseqüentemente traz resistência à malária. Sendo assim, a anemia falciforme, mesmo sendo uma doença que debilita muito o indivíduo, traz à ele um índice de sobrevivência maior em regiões endêmicas de malária.

    Valeu pela errata. ;)


  • Natália Says:

    Muito boa mesmo essa reportagem, Felipe.
    Mas me diz uma coisa, essa turma aí do Dr. Wolfe se refere às outras espécies de Plasmodium que infectam os humanos?
    Lembro que tem: P. vivax, P. ovale e P. malariae. Todas bem menos frequentes e tb menos graves que o P. falciparum.
    Será que elas também se originaram de P. reichenowi?

    Isso que a Clarissa comentou da anemia falciforme eu tb já li, seria realmente interessante fazer um paralelo a respeito aqui no teu blog (ou eu poderia utilizar um pouco mais meus neurônios e colocar algum tipo de habitação no meu blog né hehehehe).

    Tem também a variante endêmica da África do Linfoma de Burkitt (anteriormente Não-Hodgkin). Acredita-se que o estado de imunodepressão causado pela malária contribua para o desenvolvimento desta doença (é que o vírus Epstein-Barr, altamente correlacionado com a doença, tem uma frequencia muito alta na população de um modo geral, porém sem direta manifestação clínica de qualquer doença; entretanto, nas regiões da África em que a malária é endêmica, a ocorrência deste Linfoma também é muito maior). Legal né? Bah, como eu disse outra vez, esse mundo é uma arte ;)


  • L. Felipe Benites Says:

    Oi Clarissa,
    então compartilhamos o mesmo sonho :)
    A historia da anemia falciforme, e da malária se constituiu um clássico moderno. Prometo trabalhar em cima disso para um próximo post...


  • L. Felipe Benites Says:

    Oi Natália,
    então, analisando a arvore filogenética do gene do citocromo B(cytB) desse grupo (de acordo c a pesquisa), podemos observar que o P. falciparum foi o único a se originar do P. reichenowi, estando o P. malariae mais próximo do P. reichenowi do que o P. vivax , e o P. ovale, cada um constituindo um clado diferente. ;)