No bar das moscas

O comportamento humano se altera depois do primeiro, segundo e décimo copo de bebida. Você vira o centro das atenções numa festa, se sente o mais rico, bonito, sexy e perde a noção do imbecil. Ao acordar numa cama estranha, olha os saltos, roupas e garrafas espalhadas pelo chão de uma estranha (ou estranho) e voce nem lembra como chegou até la... Enfim, conhecemos os efeitos do álcool no organismo humano, e não é sobre isso que irei discorrer por aqui, mas sim sobre o que foi observado em experimentos com a "popstar" da genética, a mosca da fruta Drosophila.

Em experimento liderado por Kyung-An Han, professor associado de biologia e Neuroscientista da Penn State Univesity, onde as moscas foram submetidas a altas doses de vapores de etanol- o ingrendiente tóxico nas bebidas alcoólicas, para mimetizar os efeitos do abuso da bebida, tanto fisiológicos como comportamentais. Para isso, eles construiram um aparato feito de plástico para acomodar e reunir as moscas, que foi batizado de "Flypub", onde foram filmadas interagindo umas com as outras. E o que descobriram foi que os machos, quando recebiam uma dose diária de etanol, começavam a cortejar outros machos, e apresentavam traços de plasticidade comportamental. Já as fêmeas, que normalmente são passivas durante a corte, mesmo expostas ao etanol, nao cortejavam outras fêmeas, o que sugere que os efeitos homossexuais se limitam aos machos. Mas o efeito do etanol não direcionou a escolha sexual de parceiro, e sim aumentou a frequência de machos cortejando machos, e ao mesmo tempo cortejando fêmeas (quando postos em conjunto no "Flypub"), um tipo de "swing de dípteras".
Então, muito cuidado ao beber demais, pois você nem precisa se confundir, mas pode começar a notar com mais interesse o seu amigo de barba ao lado.

No artigo estão descritos os mecanismos bioquímicos dos efeitos, e é um artigo muito legal e fácil de ler, e melhor ainda de graça: aqui

Os efeitos do alcool no organismo humano: aqui

Vale a pena ver também o filme Barfly, escrito pelo Bukowski, que não tem nada a ver com genética, mas é legal.

2 Response to "No bar das moscas"

  • Clarissa Says:

    Noooossaaaaaaa

    ahahahahahahahahahaha

    Mas que pegadinha, hein! Ainda bem que eu não bebo. E isso vai ser muito interessante de citar no meu trabalho sobre comportamento animal, que vou fazer no bar da sinuca! Ahahahaha

    Será que isso "vareia" ainda com a procedência da bebida alcóolica?
    Olha... é melhor não fazer perguntas difíceis nessas horas, né?

    Realmente, como eu costumo dizer no meu dia-a-dia de descobertas infinitas "a Natureza é uma viagem". E nesse caso, virou um belo porre. :P


  • Natália Says:

    Bah mas o que tudo não aparece, não é não?
    Sabe que tem um mestrando do Victor na Unisinos, o Mario, que estuda os sons emitidos por uma espécie de drosofilídeos (uma invasora lá, não lembro o nome agora)durante a corte.
    Tipo ele coloca as moscas dentro de uma câmara com uns super microfones, grava os sons e depois analisa os resultados graficamente.
    Seria legal ver a influência que o etanol ocasionaria nos sons emitidos né!



    :)