Padres e Cinodontes


Uma espécie inédita de Cinodonte foi descrita este mês no artigo "A new Traversodontid Cynodont (Therapsida, Eucynodontia) from the middle Triassic Santa Maria formation of Rio Grande do Sul, Brazil", da revista Palaeontology. A descoberta por si só já é interessante, pois os registros fósseis são excessões, não a regra, já que para um animal ou planta se fossilizar é preciso de um conjunto de acontecimentos fortuitos, como cair num sedimento e não ficar exposto ao ar livre, só que o recém-batizado Protuberum cabralensis ainda possuia uma característca única entre os cinodontes conhecidos: protuberancias ósseas em suas costas! como uma carapaça robusta, por isso foi apelidado pelos pesquisadores de "bolotudo".
Os cinodontes (dentes de cão) pertenciam a linhagem primitiva que deu origem aos mamíferos atuais, faziam parte dos reptéis-mamiferos do taxon Therapsida, que foi extinta no início do Jurássico( 230-135 milhões de anos atrás). Foi o primeiro grupo de animais a possuir diferenciação dentária e caixa craniana alocada na parte traseira da cabeça, ainda depositavam ovos, e evoluiram logo apos o fim do periodos permiano. Foi um dos poucos grupos que sobreviveu ao evento da extinção perminano-tríassico.
A ossada foi encontrada pelo padre Daniel Cargnin, que foi um paleontólogo amador, em 1977 junto com outras partes do animal. ela estava situada no estrato geológico da formação Santa Maria datada da Era Mesozóica, no período Triássico.
A descoberta foi descrita pelos pesquisadores, Míriam Reichel, Cesar Leandro Schultz e Marina Bento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O título da postagem pode não ter feito muito sentido até aqui, mas pense nisso: Répteis mamíferos e padres que se dedicam ao estudo sistemático e contemplativo da natureza, como o padre Daniel e o nosso Balduíno Rambo, possuiam mais coisas em comum do que serem parentes longínquos... Infelizmente ambos estão extintos...

link do artigo:
http://www3.interscience.wiley.com/journal/121596618/abstract?CRETRY=1&SRETRY=0

O conto ancestral das moscas da fruta

Se pudessemos retroceder a história evolutiva das espécies até o ancestral comum a todos organismos, ela se desdobraria da mesma forma novamente? ou o resultado não seria o mesmo? já que o estado atual (e inicial) da realidade da natureza dependeria de n-eventos imprevisíveis, como queda de meteoros ou mudanças ambientais, dessa forma sendo pouco provável que todos eventos ocorressem novamente resultando no estado presente da natureza. Uma nova evidencia da explicação de por que a evolução não iria repetir os mesmos resultados que vemos, ou o estado que já foi um dia, foi apresentada no início do mês, e nesse experimento a seleção natural foi simulada em laboratório e pode ser estudada em tempo real. As equipes de pesquisa do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) de Portugal, da New York University e da University of California conseguiram a primeira evidência quantitativa de como a evolução pode ocorrer de modo reverso. O cientista lusitano Henrique Teótonio do IGC de Portugal e seus colaboradores, publicaram na Nature genetics no dia 11 de janeiro o artigo "Experimental evolution reveals natural selection on standing genetic variation"

Eles estudaram populações da mosca Drosophila melanogaster, procedentes de uma linhagem de indivíduos selvagens coletados em 1975 onde as gerações foram controladas em laboratório por duas décadas em diversas condições ambientais, como falta de alimentos e mudanças na temperatura, entao alocaram as populações devolta em seu ambiente ancestral (controlado) para impor a evolução reversa e observar quais características iriam retroceder, monitorando as mudanças na frequência dos SNPs (polimorfismos de um único núcleotídeo) no braço do cromossomo 3 , e o que aconteceu foi que nem todas características genéticas evoluiram de volta ao seu estado ancestral, mesmo que a adaptação tenha ocorrido. Um explicação seria que a evolução reversa pára quando as moscas se adaptam ao seu ambiente ancestral , o que pode não coincidir com o estado ancestral, e sugere que a contingência pode ocorrer em nivel genético também...
A vida sempre acha um jeito, parafraseando o Dr. Ian Malcom do Jurassic Park , mas nem sempre utiliza os mesmos números, no jogo de dados gigantesco que é a história da vida na Terra.

link do artigo:
http://www.nature.com/ng/journal/vaop/ncurrent/abs/ng.289.html

fonte:
http://www.scientificblogging.com/news_releases/researchers_reverse_evolution_fruit_fly_real_time